Tributo ao amigo Helmuth Ricardo Krüger

                                                                                                                         

Rio, 09 /12/2020  by Prof. Celso Lugão da Veiga

 Apreciaria deixar registrados “in memoriam”  três fragmentos sobre o amigo de longa data, versam sobre a pessoa, sua integridade, competência, rigor e generosidade intelectual.

1° – Certa vez em Petrópolis, conversando sobre o campo da psicoterapia, sobre temas como o pragmatismo, o contexto da descoberta e da validação, a filosofia da ciência, a pseudociência… Da mesma forma que W. A. Mozart tinha uma capacidade de resposta musical imediata, Helmuth desferiu uma colocação tão precisa quanto esta a seguir que extraí de um artigo de sua autoria; assim evito qualquer distorção mnemônica.

“Tornar pública a base científica das psicoterapias possibilita às pessoas, de modo geral, a obter um conhecimento que pode ser bastante útil acerca delas mesmas, dilatando a sua autonomia subjetiva, que é baseada no saber, no pensar e, nessas condições, a decidir com maior probabilidade de sucesso. Sendo a nossa liberdade pessoal assim ampliada, podemos, de um lado, rejeitar explicações inconsistentes e pseudocientíficas para nossos processos psicológicos e, de outro, dispondo de crenças cientificamente fundamentadas, exercer algum controle de estados psicológicos que nos sejam desfavoráveis”.

Honestidade intelectual, conhecimento profundo, consistente e amplo, e um interesse social e pedagógico contagiante… Quando percebia que a mensagem havia sido captada seus olhos azuis brilhavam de satisfação como se dissessem “mais uma missão cumprida”.

O amigo Helmuth R. Krüger

2° – Pergunta um entrevistador para Helmuth: você observou a psicologia no Brasil florescer e se modificar ano após ano e ainda hoje permanece publicando, ensinando e orientando alunos. O que o motiva a prosseguir o seu trabalho?

“Eu poderia dissertar sobre o significado desta pergunta, mas se assim viesse a proceder certamente iria compor uma resposta monótona, por ser muito pessoal. Assim, com o objetivo de abreviar a resposta, observo apenas que concordo com a declaração de Johann Heinrich Pestalozzi (1746 – 1827), inserida em sua obra “Aforismos sobre o Homem”: “Aquele que sabe e não ensina é o pior pecador de todos”. Acrescentaria apenas: “aquele que (racionalmente baseado) supõe saber”….

 Este era o nobre e lúcido amigo Helmuth, preciso com o uso das palavras, sempre alinhadas com um raciocínio impecável, uma forma de pensar elegante e uma generosidade ilimitada para com aqueles que genuinamente queriam aprender e o consultavam.

3° – Um amigo que foi seu aluno ( R. Salles) , competente profissional, residindo em outro país, quando soube de sua morte enviou-me um áudio… Transcrevo alguns pontos com os quais concordo inteiramente…

 “Ele era uma pessoa impressionante… Parecia que vivia o que ensinava… A parte da ética… Principalmente com os farsantes intelectuais… Ele era inclemente com estas pessoas, era um paladino intelectual!”.

Por Celso Lugão

Especializações em PSICOLOGIA CLÍNICA E HOSPITALAR. Exerce ATIVIDADE CLÍNICA fazem mais de 30 anos, tendo criado sua abordagem particular de PSICOTERAPIA ESTRATÉGICA. Possui MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL PELA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Atualmente é professor do INSTITUTO DE PSICOLOGIA DA UERJ tendo criado o setor de PSICOTERAPIA ESTRATÉGICA NO SPA DA UERJ EM 1988 e desde então atua como SUPERVISOR desta abordagem. Participou de forma intensiva do PROCESSO DE VALIDAÇÃO DA HIPNOSE como TÉCNICA PASSÍVEL DE SER UTILIZADA PELO PSICÓLOGO, fato este reconhecido pela SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPNOSE e pela SOCIEDADE DE HIPNOSE E MEDICINA DO RIO DE JANEIRO. Possui experiência em várias áreas da psicologia, a saber: EPISTEMOLOGIA DAS PSICOTERAPIAS (DESENVOLVIMENTO DE REFERENCIAIS EPISTEMOLÓGICOS E CLÍNICOS; ESTUDO DAS PERSPECTIVAS ESTRATÉGICA, ESTRUTURAL E SISTÊMICA EM RELAÇÃO AO INDIVÍDUO E A FAMÍLIA) ; PSICOLOGIA CLÍNICA E HIPNOLOGIA (TRANSDUÇÃO DA INFORMAÇÃO MENTE-CORPO, PSICOIMUNOLOGIA, TÉCNICAS HIPNÓTICAS, CORPORAIS, PSICODRAMÁTICAS E ESTADOS ALTERADOS DA CONSCIÊNCIA); TANATOLOGIA (MORTE, LUTO E SEPARAÇÕES); PROCESSOS DISSOCIATIVOS (TRAUMA, DISTÚRBIO DISSOCIATIVO DA IDENTIDADE, SÍNDROME DO STRESS PÓS-TRAUMÁTICO, SÍNDROME DO PÂNICO, SUICÍDIO, DROGADICÇÃO, PSICOSES); E ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA SUPERVISÃO (TREINAMENTO, INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO ). (Text informed by the author)

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