Rio de Janeiro, 16/11/2003.
Tanatologia e Psicologia da Morte by Celso Lugão
A psicologia da morte é um ramo da tanatologia , saber este desenvolvido
inicialmente por Elisabeth Kübler-Ross, que trata justamente das questões
relativas aos seres vivos que clinicamente e existencialmente têm que lidar c/
os assuntos acima demarcados,seja porque estão morrendo ou doentes, seja
porque perderam ou estão perdendo um ente querido . Enfim, o psicólogo usará suas abordagens e técnicas p/ auxiliar as pessoas nas dimensões específicas em que estão imersas.
A Tanatologia se divide em filosofia da morte, história da morte, sociologia
da morte, psicologia da morte, antropologia da morte, química da morte, com todas as possibilidades de subdivisão, assim: psicologia do desenvolvimento das idéias de morte, psicologia social da morte, psicologia clínica da morte, etc.
Durante alguns anos, foi lecionada na UERJ, a disciplina eletiva “Tanatologia sob a perspectiva da Psicoterapia Estratégica”. Tratava-se do emprego desta modalidade de psicoterapia aos problemas humanos sob uma visão existencialista, ou seja, considerando-se a morte como um fator que poderia estar na base de muitos problemas psicológicos, aplica-se o conhecimento estratégico para sugerir e motivar mudanças de perspectivas.
Quando a percepção muda os problemas podem mudar. Um copo com água pela metade pode ser percebido como: cheio pela metade ou vazio pela metade. Desta percepção pode decorrer um sentimento específico, por exemplo: “puxa, ele me deu um copo com pouca água…”, ou, “ainda bem que ele me deu um copo com água!” . Na vida, no dia a dia, sempre temos percepções e construímos a realidade através destas percepções, ou seja, a realidade é construída baseada em nossas percepções do mundo.
Uma pessoa pode pensar, já que eu irei morrer mesmo é melhor não fazer nada. Outra poderia dizer: como irei morrer mesmo irei fazer de tudo. Evidentemente que os extremos levam sempre a uma espécie de fundamentalismo e com isto perde-se a possibilidade de um caminho mais longo e saudável. Explicando: se você luta sempre, seja pela guerra, seja pela paz, estará lutando e com isto o corpo irá sofrer os efeitos desta campanhas radicais. Como argumentou Lao Tsé: basta se pensar no bem que o mal já está feito. O dualismo extremo sempre causa uma espécie de desarmonia. Este desequilíbrio produz mudanças muito graves para o sistema humano. Assim, a atitude moderada, o caminho do meio na filosofia oriental, é o mais benéfico a saúde. Tanto um workaholic quanto uma pessoa que não quer saber de trabalhar sofrerão em seu próprio corpo os efeitos destes extremismos.
Portanto, um psicoterapeuta estratégico tentará através de metáforas e outras técnicas, motivar o cliente em direção à mudanças. São as três letras “M” : metáfora, motivar e mudar.
Prof. Celso Lugão da Veiga.
Supervisor em psicoterapia estratégica e prof. de psicologia da morte – UERJ.
Abaixo, nesta seqüência de “fotos”, uma idéia do tamanho dos problemas humanos no Universo.
Note, suavemente, confortavelmente, enquanto a respiração flui, automaticamente, protegidamente, como os enigmas humanos mudam de proporção. Problemas podem virar soluções e soluções podem virar problemas, e é este fluxo, saudavelmente, que faz a vida neste universo fluir… O que se adapta às condições de hoje, pode se desadaptar perante as condições de amanhã… Por isto é preciso ser flexível, como a velha história sobre o bambu que cede diante do peso da neve… Ele se livra dela e volta a sua posição, não se quebra como o galho rígido.
A flexibilidade, o estilo de Miyamoto Musashi*, o lendário espadachim japonês, deveria servir de inspiração aos psicoterapeutas e às pessoas de modo geral.
* ” O Samurai”, de William Scott Wilson (ed. Estação Liberdade, SP, 2006.)
Nesta escala…
Na penúltima foto a Terra é invisível…
Na última foto Júpiter é invisível.
“A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara pra faculdade. Você vai pro colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando….E termina tudo com um ótimo orgasmo!!!
Não seria perfeito?”
Charles Chaplin