A história da PNL e a psicologia da personalidade
(Artigo revisado e ampliado pelo prof. Celso Lugão da Veiga)
A psicologia, como todo campo de conhecimento, tem subdivisões e necessita de uma organização para ser compreendida, neste sentido, na área dos estudos sobre a personalidade se pode utilizar a compreensão sobre os sistemas psicológicos.
Os sistemas em psicologia açambarcam as teorias propostas por diferentes autores. Basicamente há temas específicos que são objeto de reflexão e pesquisa em cada sistema.O estruturalismo, o funcionalismo, a psicanálise, o behaviorismo, a gestalt, o humanismo, o interacionismo simbólico e o cognitivismo costumam ser os sistemas estudados em disciplinas como história da psicologia e sistemas e teorias em psicologia; esta última tem caráter mais crítico e comparativo, enquanto a história da psicologia é mais descritiva.
Tais sistemas são objeto de estudo das disciplinas acima mencionadas, para a finalidade da disciplina psicologia e personalidade serão apresentados três sistemas: o psicanalítico, o behaviorismo e o cognitivismo.
Assim, o sistema psicanalítico focaliza o inconsciente, os impulsos inconscientes que motivam e influenciam o ser humano.
O sistema behaviorista preocupa-se com o fator aprendizagem, as forças modeladoras ambientais das famílias e da culturas.
E o sistema cognitivo tem como principal objeto de estudo as regras internas das pessoas, suas crenças neste sentido… Estas regras moldam seu comportamento e sua percepção do mundo.
Existem temas de estudo que levam os teóricos a argumentações que exigem reclassificações ou categorizações do tipo, neo-psicanalistas e neo-behavioristas… Alguns como A. Bandura e A. Beck acabam migrando de um sistema a outro por uma questão de coerência intelectual diante das prescrições metodológicas, de olharem e pesquisarem na direção de determinados fatos e não de outros objetos de estudo.
Um modelo recente de teoria sobre a personalidade humana foi proposto, indiretamente, pela teoria da programação neurolinguística, criada por R. Bandler e J. Grinder. Trata-se de um modelo cognitivo conforme será exposto.
E foi proposto indiretamente porque inicialmente seus autores, assim como S. Freud, C. G. Jung e outros, não estavam preocupados em teorizar sobre a personalidade humana, mas sim em entender como determinados psicoterapeutas resolviam os problemas clínicos com que se defrontavam.
Desta forma, um pouco de história para explanar tais interesses…
No início dos anos 70, Richard Bandler, um dos criadores da PNL estudava Matemática na Universidade da Califórnia, em Santa Cruz.
No princípio, ele passava a maior parte do seu tempo estudando computação. Inspirado por um amigo de família, que conhecia vários terapeutas inovadores da época, ele resolveu cursar Psicologia. Após estudar cuidadosamente a obra de alguns desses famosos terapeutas, R. Bandler descobriu que, repetindo totalmente os padrões pessoais de comportamento deles, poderia conseguir resultados positivos similares com outras pessoas.
Essa descoberta se tornou a base para a abordagem inicial, conhecida como Modelagem da Excelência Humana.
Voltando no tempo… Após demonstrar interesse e conhecimentos em Psicologia, especificamente em Gestalt Terapia, o jovem estudante universitário Richard Bandler, com apenas 22 anos, teve a oportunidade de criar um grupo de estudos voltados para o assunto.
Entretanto, a universidade de Santa Cruz exigiu que um professor supervisionasse seu trabalho.
O supervisor indicado era o psicólogo John Thomas Grinder.
J. Grinder foi o responsável por decodificar os padrões linguísticos que geravam as mudanças de comportamento, encontrados nas pesquisas de R. Bandler, e catalogá-los. J. Grinder buscou relacionar-se com psicoterapeutas e intelectuais da época como: Virgínia Satir, Gregory Bateson, Frederick Perls e Milton H. Erickson.
Foi o professor J. Grinder que apresentou ao estudante R. Bandler estes terapeutas e, com isso, possibilitou a R. Bandler conhecer novas abordagens em psicoterapia.
A união dos conhecimentos e do trabalho de John Grinder e Richard Bandler tornou possível a criação da Programação Neuroliguística.
John Grinder tinha a capacidade para aprender línguas rapidamente, adquirir sotaques e assimilar comportamentos, tinha aprimorado isto na Força Especial do Exército Americano, na Europa, nos anos 60, e depois quando membro dos serviços de inteligência em operação na Europa. O interesse de J. Grinder pela psicologia alinhava-se com o objetivo básico da linguística: revelar a gramática oculta no pensamento e na ação.
O Desenvolvimento da Programação Neurolinguística
Descobrindo a semelhança de seus interesses, ambos decidiram combinar os respectivos conhecimentos de computação e linguística, aliados a habilidade para copiar comportamentos não verbais, com o intuito de desenvolver uma “linguagem de mudança”.
No começo, às terças de noite, Richard Bandler conduzia um grupo de Gestalterapia formado por estudantes e membros da comunidade local.
Ele usava como modelo o seu fundador iconoclasta, o psiquiatra alemão F. Perls. Para imitar F. Perls, R. Bandler chegou a deixar crescer a barba, fumar um cigarro atrás do outro e falar inglês com sotaque alemão.
Nas noites de quinta-feira, J. Grinder conduzia outro grupo usando os modelos verbais e não verbais do Dr. F. Perls que vira e ouvira seu colega usar na terça.
Sistematicamente, eles começaram a omitir o que achavam ser comportamentos irrelevantes (o sotaque alemão, o hábito de fumar) até descobrirem a essência das técnicas de F. Perls – o que fazia F. Perls ser diferente de outros terapeutas menos eficazes. Haviam iniciado a disciplina de Modelagem da Excelência Humana (Modeling).
O Trabalho de John Grinder e Richard Bandler
Encorajados por seus sucessos, J. Grinder e R. Bandler passaram a estudar uma das grandes fundadoras da terapia de família, Virginia Satir, e também um filósofo inovador e pensador de sistemas, Gregory Bateson. R. Bandler reuniu suas constatações originais em sua tese de mestrado, publicada mais tarde como o primeiro volume do livro The Structure of Magic (A Estrutura da Magia). Ele e Grinder tinham se tornado uma equipe, e as suas pesquisas continuaram a ser feitas com determinação.
Eles buscavam a essência da mudança. O que havia de comum entre os psicoterapeutas eficazes? Como eram suas estratégias?
Por exemplo, quando ambos começaram a estudar pessoas com dificuldades variadas, observaram que todas as que sofriam de fobias pensavam no objeto de seu medo como se estivessem passando por aquela experiência no momento. Esta é a regularidade, o padrão, a constante que a ciência busca; maçãs sempre caem, como já observara I. Newton. Esta é uma submodalidade chamada “associada”, estar dentro da experiência.
Quando estudaram pessoas que já haviam se livrado de fobias, eles viram que todas elas agora pensavam na experiência de medo como se a tivessem vendo acontecer com outra pessoa – semelhantemente a observar um parque de diversões à distância… Outro padrão, dissociação (submodalidade dissociada).
Com esta descoberta simples, porém profunda, R. Bandler e J. Grinder decidiram ensinar sistematicamente pessoas fóbicas a experimentarem seus medos como se estivessem observando suas fobias acontecerem remotamente. Estas são as chamadas submodalidades associada e dissociada. Explica-se mais a frente.
O Encontro com Milton Erickson e sua Abordagem Ericksoniana
Prosseguindo… As sensações de fobias desapareciam instantaneamente. Uma descoberta fundamental da PNL havia sido feita: o modo como as pessoas pensam a respeito de algo faz uma diferença enorme na maneira como elas irão vivenciá-la. Ao buscar a essência da mudança nos melhores mestres que puderam encontrar, a dupla de teóricos questionou o que modificar primeiro, o que era melhor mudar e por onde começar.
Por sua habilidade e crescente reputação, rapidamente conseguiram ser apresentados a alguns dos maiores exemplos de excelência humana do mundo, incluindo o Dr. Milton H. Erickson, M.D., fundador da Sociedade Americana de Hipnose Clínica; amplamente reconhecido como o mais notável hipnotizador do mundo.
M. Erickson era uma pessoa tão excêntrica quanto R. Bandler e J. Grinder. Jovem e robusto fazendeiro de Wisconsin, na década de 1920 ele foi atacado pela poliomielite, aos dezoito anos. Incapaz de respirar sozinho, Erickson passou mais de um ano deitado dentro de um pulmão de aço na cozinha da sua casa.
Embora para outra pessoa qualquer isso pudesse ter significado uma sentença de prisão, para o médico, fascinado pelo comportamento humano, era uma distração observar como a família e os amigos reagiam uns aos outros, consciente e inconscientemente. Ele elaborava comentários que provocavam respostas imediatas ou não nas pessoas a sua volta, o tempo todo aprimorando a sua capacidade de observação e de linguagem.
Enquanto se recuperava na cama, quase totalmente coxo e incapaz de falar, tornou-se fortemente ciente do significado da comunicação não-verbal — linguagem corporal, tom de voz. Isto é, o modo como essas expressões não verbais contradiziam diretamente as verbais.
Recuperando-se o suficiente para sair do pulmão de aço, ele reaprendeu a andar sozinho, observando sua irmãzinha dar os primeiros passos. Embora continuasse precisando de muletas, M. Erickson participou de uma competição de canoagem antes de partir para a faculdade, onde acabou se formando em medicina e depois em psicologia. Suas experiências e provações pessoais anteriores o deixaram muito sensível à sutil influência da linguagem e do comportamento.
Os Benefícios do Transe Hipnótico na Aplicação da PNL
Ainda estudando medicina, M. Erickson começou a se interessar por hipnose, indo além da simples observação de pêndulos e das monótonas sugestões de sonolência. Ele constatou que seus clientes ao lembrarem-se de certos pensamentos ou sensações, entravam naturalmente em um breve estado semelhante a um transe, e que esses pensamentos e sensações poderiam ser usados para induzir estados hipnóticos.
Mais tarde, ele se tornou conhecido como o mestre da hipnose indireta, um homem que podia induzir um transe profundo apenas contando histórias.
Na década de 1970, o Dr. Erickson já era muito conhecido entre os profissionais da medicina e era até assunto de vários livros, mas poucos dos seus alunos conseguiam reproduzir seu trabalho ou repetir seus resultados.
O médico frequentemente era chamado de “curandeiro ferido”, visto que muitos colegas seus achavam que seus sofrimentos pessoais eram responsáveis por ele ter se tornado um terapeuta tão habilidoso e famoso mundialmente.
Quando Richard Bandler ligou pedindo uma entrevista, aconteceu de o hipnotizador atender pessoalmente o telefone. Embora R. Bandler e J. Grinder fossem recomendados por Gregory Bateson, M. Erickson respondeu que era um homem muito ocupado. O que telefonou reagiu dizendo: “Algumas pessoas, Dr. Erickson, sabem como achar tempo”, enfatizando bem “Dr. Erickson” e as duas últimas palavras. A resposta foi: “Venha quando quiser”, com as duas últimas palavras igualmente enfatizadas.
Embora aos olhos do renomado médico a falta de um diploma de psicologia fosse uma desvantagem para R. Bandler e J. Grinder, o fato de os dois jovens serem capazes de descobrir o que tantos outros não haviam percebido o deixou intrigado. Afinal de contas, um deles havia acabado de falar usando uma de suas próprias descobertas de linguagem hipnótica, hoje conhecida como comando embutido. Ao dar destaque às palavras “Dr. Erickson, achar tempo”, ele criou uma frase separada dentro de outra maior, que teve o efeito de um comando hipnótico.
Ambos os rapazes chegaram ao consultório/casa de Erickson em Phoenix, nos EUA, para aplicar suas técnicas de modelagem, recentemente desenvolvidas, ao trabalho do talentoso hipnotizador. A combinação das legendárias técnicas de hipnoterapia do Dr. Erickson e as técnicas de modelagem de R. Bandler e J. Grinder forneceram a base para uma explosão de novas técnicas terapêuticas.
O trabalho deles junto com o do médico confirmou que haviam encontrado uma forma de compreender e reproduzir a excelência humana. Nesta época, as turmas da faculdade e os grupos noturnos conduzidos por J. Grinder e R. Bandler estavam atraindo um número crescente de estudantes ansiosos por aprender esta nova tecnologia de mudança.
Nos anos seguintes, vários alunos, inclusive Leslie Cameron-Bandler, Judith DeLozier, Robert Dilts e David Gordon, dariam importantes contribuições. Oralmente, esta nova abordagem de comunicação e mudança começou a se espalhar por todo o país. Steve Andreas, na época um conhecido terapeuta da Gestalt, deixou de lado o que estava fazendo para estudar a PNL.
A Evolução da PNL
Rapidamente, ele decidiu que aquela era uma novidade tão importante que, junto com a mulher e sócia, Connirae Andreas, gravou os seminários dos dois mestres e os transcreveu em vários livros. O primeiro, Frogs into Princes (Sapos em Príncipes – Summus), se tornaria o primeiro best-seller sobre a Programação Neurolinguística. Em 1979, um extenso artigo sobre PNL foi publicado na revista Psychology Today, intitulado “People Who Read People”.
A nova abordagem começava a se espalhar.
Hoje, a PNL é a essência de muitas teorias e técnicas que visam a comunicação e a mudança. Popularizada por Anthony Robbins, John Bradshaw e outros, dados da PNL se inseriram na psicoterapia, no treinamento de vendedores, seminários, salas de aula e conversas.
Quando alguém fala em Modelagem da Excelência Humana, ficar em forma, criar rapport, criar um futuro atraente ou quão “visual” alguém é, está usando conceitos da Programação Neurolinguística.
Um alerta… Saber sobre a Modelagem da Excelência Humana é muito diferente de ser capaz de colocá-la em prática.
O modelo de personalidade extraído da Programação Neurolinguística
Os cinco níveis lógicos foram formulados por R. Dilts (1955 – ) e T. Epstein (1949 – 1995) e fornece um mapa da personalidade humana, permitindo um diagnóstico sobre cada um destes níveis, e a partir daí podem surgir diferentes intervenções clínicas.
Os cinco níveis lógicos são formados pelos conceitos de identidade, crença, estratégia, comportamento e ambiente. Cada nível permite mapear dados da anamnese do cliente e também organizar as técnicas específicas para atuar no caso clínico, desta forma, se pode preencher o esquema com técnicas de quaisquer abordagens, inclusive, desde que o profissional, obviamente, tenha estudos e treinamento nas mesmas. Por isto, ter serventia também como um referencial epistemológico e não apenas clínico.
Este modelo permite compreender de uma forma estruturada porque alguém se comporta de determinado jeito.
Assim, os cinco níveis lógicos fornecem um mapa da personalidade que se pode ter em segundo plano na mente enquanto estamos conversando ou entrevistando alguém.
Há uma correspondência entre cada nível e os sistemas orgânicos, por exemplo, o nível “ambiente” se refere ao sistema nervoso periférico, resumidamente, os sistemas visual, auditivo, cinestésico, olfativo e gustativo e todos os demais, o equilíbrio, a sensibilidade térmica e da dor. Também se capta o ambiente afetivo, a percepção do ambiente amigável ou hostil.
O nível “comportamento” se traduz pelo sistema nervoso motor, basicamente os movimentos de expansão e recolhimento. As pessoas relaxam ou se tornam tensas
O nível “estratégia” está ligado em parte ao sistema nervoso cortical, são as estratégias conscientes… Como estudar, como relaxar… E esta é uma pergunta importante… Como?… “Como” remete sempre ao sistema de estratégias da pessoa. Porém, em parte, há estratégias inconscientes, oriundas de modelos introjetados… “Eu não havia reparado que descasco manga como minha avó, que residiu na África, descascava!”
O nível “crença” e o “nível identidade” estão diretamente ligados ao Sistema Nervoso Autônomo e ao Sistema Psiconeuroimunológico. As crenças são entendidas como as regras, os esquemas internos, fruto de aprendizagens conscientes e da introjeção inconsciente de modelos.
O nível identidade pode ser entendido como a nossa autopercepção, e ela se desdobra em autoimagem, autoconceito e autoestima.
A ciência, a psicologia e a Programação Neurolinguística têm explicado que a natureza é captada por nossos sistemas sensoriais e decodificada, assim, não existem cores na natureza e muito menos som ou cheiros… São nossos sistemas sensoriais que interagem com fótons, vibrações, partículas químicas e geram as percepções de imagens coloridas, sons, sabores e perfumes.
Desta forma, em programação neurolinguística, esta captação de estímulos se chama de modalidades visuais, auditivas, cinestésicas, olfativas e gustativas.
E cada uma destas modalidades (VAKOG; o K advém da etimologia da palavra em grego) possui submodalidades. Ao se compreender isto se percebe que uma autoimagem, ou seja, a representação visual interna de si, revela submodalidades visuais, a saber, grande, pequeno, colorido ou em preto e branco, com movimento ou não, etc.
O mesmo vale para as demais modalidades. O som pode ser grave, agudo, mono, estéreo, alto, baixo. O gosto pode ser doce, etc. O cheiro pode ser intenso, o toque, a sensação tátil, pode ser fria, quente, ter uma localização mais no tórax, ou nas pernas.
Um diagnóstico pode ser formulado observando-se os cinco níveis lógicos da pessoa e as intervenções podem ter como objetivo alterar certos níveis, isto apenas um clínico experiente poderá realizar.
Apenas para ilustrar, uma pessoa em plena crise psicótica precisa de contenção; o uso desta técnica incide sobre o nível lógico comportamento e a internação sobre o nível ambiente.
A aprendizagem de uma estratégia para comer menos ou mais, a mudança da autoimagem ou do autoconceito, etc.
Claro está que uma mudança em um nível afetará os demais, e as mudanças em níveis como a identidade e as crenças em geral produzem mais efeitos nos outros níveis.
Entretanto, apenas colocar um drogadicto numa clínica sem adicionar a isto um tratamento para os outros níveis lógicos, deve ter como resultado uma pessoa que irá reincidir assim que sair da clínica.
Os propósitos deste breve artigo se encerram aqui, segue uma biografia de alguns psicoterapeutas, incluindo o autor deste artigo.
Quem foi Milton Erickson?
Milton H. Erickson foi um psiquiatra americano que tornou-se conhecido por um trabalho inédito, que foi o de associar a hipnose às psicoterapias. Nasceu em Nevada, no dia 15 de dezembro de 1901, e morreu no dia 27 de março de 1980. Como psiquiatra, teve uma boa formação em psicoterapia e, por ter seu lado intuitivo e observador muito desenvolvido, foi se envolvendo, ao longo de sua vida, com a hipnose, a ponto de ser conhecido nos Estados Unidos como “Sr. Hipnose”.
Erickson foi fundador e presidente da American Society of Clinical Hypnosis, além de fundador e editor da revista daquela sociedade, a “American Journal of Clinical Hypnosis”. Tinha uma forma muito peculiar de ensinar, através de seminários didáticos, nos quais seus alunos mais experimentavam sua metodologia do que se prendiam a ela. Criando uma nova abordagem de tratamento, que é a Hipnoterapia Ericksoniana, ele trabalhava em cima do sintoma do paciente, entrando, através de uma hipnose naturalista, na forma como a pessoa causava o problema a si mesma. Ao longo de sua carreira, obteve excelentes resultados no tratamento de casos diversos como depressões, fobias, problemas sexuais, doenças psicossomáticas e outros. Nas aulas experimentais que dava, costumava colocar seus alunos em transe e modificava padrões antigos que causavam problemas a eles.
Dentre os vários livros que escreveu, destacam-se, entre outros, “Coletânea de Papéis”, publicado em quatro volumes, “O Homem de Fevereiro” e “Hipnose Médica e Odontológica”. Nos Estados Unidos, dentre os seus seguidores mais conhecidos, destacam-se André Weitzenhoffer, Esnest Hillgard, Ernest Rossi, Jay Haley e Jeffrey Kenneth Zeig, sendo que este último foi seu aluno durante seis anos e, neste período, aprendeu e desenvolveu um modelo de psicoterapia baseado nos ensinamentos do mestre.
Atualmente J. Zeig é o presidente da Fundação Milton Erickson.
No Brasil o psicólogo Celso Lugão da Veiga, professor e supervisor em psicoterapia da UERJ, desenvolveu uma forma de psicoterapia estratégica que se fundamenta também nas orientações ericksonianas.
Seu treinamento, além de ter estudado com Jeffrey Zeig, presidente da Milton Erickson Foundation, inclui uma formação em Programação Neuro-Lingüística com Johann Kluczny, dos Institutos de NLP de Berlin e de Atenas, e nos métodos de Francine Shapiro, conhecidos sob a sigla EMDR. Além disto possui estudos em Gestalt Terapia, AT (Análise Transacional – E. Berne), SE (Somatic Experience – Peter Levine), Bioenergética (A. Lowen) e em várias formas de Terapia Sistêmica. Também utiliza princípios de manobras corporais oriundas de seus estudos da tradição oriental, como shiatsu, tai-chi-chuan, aikido, e kun-nye.
Considerado, por ele mesmo, um psicoterapeuta eclético (ecletismo crítico) designa sua abordagem de estratégica, devido a grande influência do modus operandi ericksoniano em seu trabalho e também por causa de sua análise epistemológica do que seria uma psicoterapia estratégica, concordando com Jay Haley em vários aspectos.
Segundo J. Haley (1991), psicoterapia estratégica é qualquer tipo de terapia onde o terapeuta inicia o que acontece durante o processo terapêutico, criando uma metodologia específica para abordar cada problema do caso clínico em questão.
Desta forma, esta metodologia incluirá um conjunto de técnicas destinadas a resolver os problemas; se isto não ocorre o terapeuta deve reavaliar sua estratégia até encontrar uma estratégia adequada que leve do conflito para a solução.
Portanto isto cria outra indagação inerente ao campo pedagógico, em especial ao tema da formação (supervisão) em psicoterapia, “o que” e “como” ensinar?.
Se “a terapia estratégica não é uma abordagem particular ou uma teoria, mas um nome para os tipos de terapia nos quais o terapeuta assume a responsabilidade de influenciar diretamente as pessoas” (Haley, op.cit., p. 19), então quais seriam as tarefas de um supervisor? Como seria possível ensinar aos interessados sobre este estilo de praticar a psicoterapia?
Para saber mais sobre isto leia o artigo abaixo neste site.
O que é Psicoterapia Estratégica?
E sua inserção no Serviço de Psicologia
Aplicada (SPA) da UERJ.
Celso Lugão da Veiga leciona psicologia desde 1981, tendo explorado vários temas, inclusive a Psicologia da Morte, e atua na UERJ desde 1986, tendo sido homenageado com a Medalha Jean Martin Charcot e o Diploma de Honra ao Mérito, pela Sociedade Brasileira de Hipnose durante o VIII Congresso Panamericano de Hipnose e Medicina Psicossomática, em 11 de setembro de 1993, “pelos relevantes serviços prestados à Hipnose como técnica científica e pela divulgação da mesma”.
Foi um dos principais responsáveis pelo trabalho do CRP-05 que auxiliou o CFP a justificar e ratificar o uso da técnica da hipnose pelo psicólogo.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 07 de outubro de 1954, e, usando o estilo do humor ericksoniano, diz que morrer é a última coisa que pretende fazer nesta vida.
Aloha.